Projeto Carbono Indígena do Brasil coloca primeiros créditos à venda
Quantum Commodity Intelligence – A Indigenous Carbon, sediada no Brasil, colocou créditos de carbono à venda pela primeira vez, revelando no processo a identidade de alguns de seus apoiadores, disseram várias fontes da indústria à Quantum nos últimos dias.
A Indigenous Carbon causou grande impacto em dezembro de 2022, quando apresentou 17 novos projetos REDD+ sob o padrão colombiano Cercarbono, abrangendo um total de 5,5 milhões de hectares em quatro estados brasileiros: Pará, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas.
Desde então, cinco dos projetos foram certificados, mostram os registros de dados da Cercarbono, enquanto outros oito esquemas chegaram à fase de verificação.
Além disso, quatro projetos foram retirados pelas comunidades.
Mais de 14 milhões de créditos foram colocados à venda por meio de corretores e bolsas como Allcot, StoneX e CBL Markets, disseram as fontes.
O desenvolvedor por trás da Indigenous Carbon usou uma abordagem única na floresta amazônica, na qual não possui o projeto em si e trabalha diretamente com grupos indígenas para treiná-los no processo de criação de um projeto REDD+.
O esquema é fruto da mente do empresário americano Michael Greene, que esteve envolvido em muitos projetos baseados na natureza no país nos últimos 15 anos.
Greene disse que não controla nenhum dos projetos sob o nome Indigenous Carbon e atua apenas como investidor e consultor em tempo parcial, enquanto os esquemas foram montados por um desenvolvedor terceirizado, um estudante de doutorado e um advogado externo em estreita colaboração com as comunidades locais.
Muitos projetos REDD+ em terras indígenas falharam historicamente devido à falta de adesão das comunidades a longo prazo, mas Greene insistiu que isso é muito menos provável de ocorrer com este modelo descentralizado.
Aumento do desmatamento
O projeto de carbono florestal Surui foi o primeiro projeto de conservação liderado por indígenas financiado pela venda de compensações de carbono na Amazônia e foi de propriedade da comunidade local.
O esquema, localizado no estado de Rondônia e registrado sob o Padrão Verificado de Carbono do registro americano Verra, reduziu drasticamente o desmatamento em seus primeiros anos, antes de ser suspenso em 2018, após uma descoberta de ouro na área desencadear um aumento no corte de árvores, destacando a necessidade de integrar projetos a longo prazo.
Greene disse: “Eu me mudei para o Brasil originalmente em 2008 para me concentrar no desenvolvimento de projetos indígenas. Eu era engenheiro trabalhando para um grande fabricante de equipamentos antes disso. Minhas economias na época eram de US$ 7.000 e minha primeira parada em Manaus foi na COIAB, a associação indígena. Eles me disseram quais grupos estavam interessados no REDD.
“Eu queria fazer os projetos, mas não fazia ideia de como fazê-lo. Então, demos um passo atrás e observamos inúmeros desenvolvedores de carbono começarem e falharem em verificar um projeto.
“Atribuímos isso à necessidade dos desenvolvedores de querer controlar os projetos indígenas, ter seu nome no projeto e ter sua equipe no campo. Quando finalmente descobrimos um caminho para o sucesso, percebemos que tinha que ser o oposto do que todos os outros faziam.
“Era necessário que os indígenas possuíssem os créditos, controlassem os créditos, gerenciassem o projeto e gerenciassem a segurança e a aplicação.”
Nesta semana, a Quantum conversou com vários membros da comunidade Cinta Larga, situada em Rondônia, assim como os Paiter Surui do projeto Surui REDD+, através de um link de vídeo.
Eles possuem o projeto REDD+ João Bravo, que cobre 327.458 hectares e já emitiu 5,4 milhões de créditos de carbono, e o projeto REDD+ Rio Roosevelt, que cobre 221.876 hectares e emitiu 3,2 milhões de créditos.
Eles contaram uma história de empoderamento através dos créditos de carbono e de serem mais capazes de combater ameaças externas, como mineração e agricultura.
“Começamos este projeto há 12 anos. Na época, era muito difícil saber o que era um projeto de crédito de carbono. Com o tempo, trabalhamos com ONGs, com outra empresa, mas não tivemos sucesso”, disse Elizabete Cinta Larga, uma representante da comunidade.
“Agora reiniciamos este projeto e fizemos todas as etapas, consentimento livre e informado, assembleias com os Cinta Larga, onde o projeto foi 100% aceito. E acreditamos nisso, e agora que estamos na fase de venda de créditos, estamos ansiosos”, acrescentou ela.
Os Parintintin, um grupo indígena separado do estado do Amazonas que faz parte do projeto Indigenous Carbon, também realizaram uma reunião com a Quantum.
Maria Parintintin e Benedita Parintintin, respectivamente a chefe e a vice-chefe de uma comunidade local, disseram que o projeto de crédito de carbono ajudará os Parintintin a financiar um dispensário local e a construção de uma escola, além de pagar pelos serviços de internet.
“Recebemos conselhos de Michael (Greene), mas desenvolvemos todos os projetos do povo Parintintin. Desenhamos e coletamos informações, tiramos fotos, fizemos os pontos de biomassa”, disse Thiago Castelano, que ajudou a coordenar o esquema localmente.
“Seguimos as diretrizes e executamos todas essas diretrizes em nosso próprio território”, acrescentou.
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